Quarta-feira, 17 de Setembro de 2008

Historietas I

Não consigo passar para aqui "o antes" e "o depois" do Guilherme. É muito profundo. Uma mulher sabe e sente quando um homem pensa nela. Eu absorvia os pensamentos dele, isso ele nunca vai poder negar. Achava algumas vezes, que o problema era dele e que no fundo, sem ele se aperceber, sem querer, gostava de mim.

A minha vida tinha mudado de 8 para 80 em tão poucos meses e tinha sido muito desgastante ter gerido essa mudança. Ele não sabia disso.

Eu sentia que podia tudo, que todos os homens me queriam, tal era o assédio que tinha na altura. Não lidei bem com o facto de querer um e esse me rejeitar, com a agravante que sentia que me tinha usado.

Aprendi a conhecê-lo nos 2 ou 3 meses que durou o nosso encantamento. Era muito inseguro, apesar da "arrogância" provocada pela grande bagagem cultural que tinha. Tinha 31 anos, que tenho a certeza passou a "cultivar-se". Queria agora gozar a vida. Tinha a sua lógica. Não era feliz antes de me conhecer e agora nem sei. Se soubesse que estava feliz, acho que me fazia bem.

"Idolatrava" um amigo, o Hugo. Falou-me vezes sem conta dele. Um entusiasmo e os olhos brilhavam. Dizia que era o melhor amigo dele. Parece que tinha estado para casar com uma mulher que o trocou por outro. Eram da mesma "Terrinha". O Guilherme aproximou-se dele nessa altura, e a partir daí, pelas palavras do Guilherme, eram confidentes e conheciam-se "como a palma da mão". Bem, fiquei curiosa! Estava noivo de novo, mas agora parece que era ele que estava sempre " a enfeitar" a nova noiva e que não havia mulher que lhe escapasse. O Guilherme "delirava" cada vez que falava nele. Achei depois que talvez o tentasse "igualar" nos feitos com as mulheres, para ter assunto.

O Hugo também trabalhava em Lisboa, vá arredores, e ao fim de semana ía à terrinha deles.

Nessa altura eu ía todos os dias para Lisboa.

O Guilherme tinha-me magoado muito e se não me tivesse depois ofendido com expressões como "desampara-me a loja", "deslarga-me a braguilha", "variada dos cornos". Sim, isso. 

Eu queria ver o que tinha acontecido e o que eu tinha significado para ele. 

Criei uma página no Hi5, com a foto de uma amiga e com outro nome.

Fui visitá-lo e deixei uma mensagem.

Tótó, caiu logo. Ficou com aquela euforia de novo. Tinha sido tão parva e tão ingénua.

Criei um novo email e adicionou-me . Podia ter feito aquilo durar, mas não, não me contive quando "me falou de mim"...

  

 

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publicado por darkbook às 10:09
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Terça-feira, 16 de Setembro de 2008

A Pochette perdida...

Como é possível alguém provocar em nós um estrago tão grande, como o que foi para mim conhecê-lo?

A minha relação de amor/ódio com o Guilherme, durou uns 6 ou 7 meses. Este tempo todo porque eu insisti, mas segundo ele, parece que se eu tivesse terminado logo quando "me pediu" talvez ainda hoje durasse só a de amor. Estúpida então, certo? Só tinha que acatar as suas ordens e a sua vontade, se gostava dele, e esperar sentadinha e quietinha para ele reflectir e depois, demorasse o tempo que demorasse, ver se queria continuar a ver-me ou não...Pois...

Ainda nos vimos umas 3 vezes.

Em Julho e Agosto, falávamos via msn, telemóvel e trocávamos sms. Ele já estava farto de mim. Em Agosto encontrámo-nos numa praia no Algarve. Uma praia a meio caminho . Ele ia para Espanha de férias e eu sabia que aquilo estava no fim. Ofereci-lhe um livro, que curiosamente me tinha sido oferecido pela Sílvia uns dias antes.

Sim, a Sílvia do Luís ! Ela sabia que dentro do que aconteceu, eu tinha sido honesta com ela.

O livro era de Weiss  e tinha o título "Só o amor é real" ( tenho pena de meses mais tarde ter voltado  a traí-la, mas ele insistia quando me sentia carente, não sei como adivinhava).

Aquela tarde passada com o Guilherme naquela praia foi talvez das melhores a minha vida. Tinha levado uma bola para jogar com os meus filhos, mas nunca os chegou a conhecer, porque entretanto recebeu uma chamada sobre as férias e teve que ir. Azar o dele não ter conhecido os meus filhos. Não sei se notou, mas fiquei a chorar.

Durante esses 15 dias 1 vez ou 2 desligou-me o telemóvel. Começou aí a minha raiva e o meu ódio. Nunca me tinham feito isso e dessas vezes não mereci. Durante 1 semana não tive notícias dele. Já em casa disse-me : "Perdi a POCHETTE!" Tive vontade de me rir à gargalhada, mas gostava tanto dele. Que homem diz "POCHETTE"?!

Marcou um jantar com um amigo muito "betinho" porque eu e a Maria íamos a Lisboa. Na Sexta à noite e pressentindo que seria a última vez que o veria, convidei-o para sair na minha zona. Até pensei que não aceitasse. Tinha convites para uma discoteca a que ele mais tarde se iria referir "Grande discoteca", para uma desconhecida que se meteu com ele no Hi5 e que uma vez mais com o mesmo entusiasmo com que adicionou no msn a adicionou a ela (e que era eu com outro nome, claro está!).

Fizemos amor no carro num pinhal. Para ele aquilo não correu muito bem e chegou ao cúmulo de me pedir desculpa. Afinal ele tinha sentimentos, só que não era por mim. A euforia do brinquedo já tinha passado. Pelos vistos aborrecia-o eu querer mais que sexo e começou com aquelas coisas que lhe tinha "invadido a privacidade". 

No sábado, quando entrei no carro dele com a Maria, olhou-me e senti que me achou bonita. Fez um gesto de um homem quando se sente atraído por uma mulher. Eu senti.

O Luís nessa altura andava mesmo chato para comigo. Tinha sabido pelo meu cunhado (irmão da Sílvia, o gay :)) que eu tinha saído com um homem e louco de ciúmes não me largava. Nesse sábado, tive que desligar o telemóvel. Começou a ligar para o da Maria. Foi um jantar infernal.

Tinha acabado a história que podia ter sido bonita com o Guilherme.

Marcámos depois um jantar de despedida na Expo. Passei o jantar todo com lágrimas nos olhos, que nem sei como não saltaram.

A partir daí passei a fase mais negra da minha vida. Sentia-me perdida no mundo.

Comecei a infernizar-lhe a vida e a magoar-me.

Fui fazer um curso para Lisboa. Ainda lhe liguei e pedi-lhe para me ajudar. Não estava nada interessado. Se pelo menos tivesse sido meu amigo, não teria caído tão fundo...

 

 


publicado por darkbook às 17:12
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Blind date

Agora sim, seria um blind date.

Ofereceu-me uma noite maravilhosa, isso não posso negar. Ele esforçou-se.

Morava com uma irmã em Lisboa. Numa Sexta à tarde parece que ela ía sair durante o fim de semana. Acho que me mandou sms a dizer que "a costa estava livre". Fui de comboio. No sábado tinha um almoço de família, a que é claro ía faltar. A estação de comboios fica a 6 kms de minha casa. Não é que a minha família se lembrou de ir almoçar a um restaurante em que passavam pela estação e logicamente viam o meu carro? Mas o mais engraçado é que ficaram a pensar que tinha ido com a minha amiga Maria, que foi para o Porto e também lá deixou o carro. Enfim, é o que digo, a minha vida parecia a de uma adolescente.

Voltando ao blind date;

Levou-me a jantar (pagávamos sempre a meias) e fomos a um bar / "danceteria"? de música africana. Ele adorava especialmente a cultura Cabo Verdiana. Falava muito bem várias línguas, incluíndo o crioulo de Cabo Verde.

Bem , eu estava nervosa. Pois! Tinha 36 anos e 3 filhos! Ridiculo, mas estava. É assim: Eu tinha estado em toda a vida com 2 homens. O Alexandre, que a certa altura pensei que tivesse que ser o único toda a vida, e que hoje acho que nunca amei verdadeiramente, e o Luís, que foi aquela "coisa" que me fez romper com muitos anos de frustração. Agora era diferente ( ok, todas o são ), mas um diferente mesmo diferente :). Eu gostava de tudo nele. Queria mesmo amá-lo, não era sexo que eu queria.

Senti que apreciava o meu corpo : " eu gosto de ver " enquanto me despia. Eu olhava-o e preferia apreciar as suas expressões. Não me lembro do corpo dele. Esperava ter tempo de o curtir. Devia ter tomado mais atenção, porque ia haver pouco tempo. Não vou descrever o sexo, porque sinceramente não me lembro,acho que foi natural como o que sentia por ele. Lembro-me da manhã, de tomarmos banho juntos, de ele comer uma fatia de pão de milho com manteiga de amendoim, de confidências dele e da sua expressão triste, depois de uma noite de euforia, era uma tristeza serena, mesmo feliz  diria. Senti-o aliviado, nem sei bem de quê, mas aliviado. Falava comigo a olhar para o vazio, que a seu tempo continuaríamos aquela conversa, com a cabeça deitada no sofá da sala. Fiz-lhe um "cafuné". Porra, nem me lembro da côr do sofá! Quero imaginá-lo numa casa onde já estive e não consigo, tão grande era o amor que lhe tinha e que me fizeram desviar a atenção de tudo, para absorver gestos e palavras.

Sim, quando acordámos fizemos amor!

Eu sei que me amou. Por pouco tempo, mas amou. Ele não era capaz de mais. Hoje tenho a certeza que ainda não sabe amar mais do que me amou a mim.

 

 

música: começar de novo

publicado por darkbook às 00:56
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Segunda-feira, 8 de Setembro de 2008

The last waltz

Confesso, estava a ficar cansada.

O Alexandre não me largava, todos os dias com novas sms, uns dias que me desejava as maiores felicidades, outros dias (neste caso eram mais noites) que me odiava, que eu haveria de pagar por tudo o que lhe tinha feito, que era uma mentirosa, uma vaca, uma puta, que a irmã e a mãe estavam muito mal e que eu era a culpada de tudo. No fundo, eram verdades. Eu estava arrependida. O que sentia pelo Luís não valia aguentar aquilo tudo.

As minhas amigas invejavam-me. Como era possível um homem amar-me tanto como o Luís me amava? Uma mulher que ainda nem estava divorciada e que tinha 3 filhos?

Quis provar a mim própria que tudo não tinha sido um enorme erro e que ele era homem para me fazer feliz. Insisti em nós.

No início de Março a advogada tinha a audiência marcada com o conservador.

Há hora marcada lá estávamos os dois. O conservador ainda tentou aquela treta de reconciliação. Foi rápido. Assim que saí, pedi se já podia tratar do BI com o novo Estado Civil : "DIV". Só daí a 15 dias. Ok, no problem!

Liguei ao Luís. Falamos logo que íamos fazer uma viagem. Eu fazia anos nesse mês.

Ele tratou de tudo. Foi uma semana, não diria fantástica e fabulosa, mas foi boa. Fomos a Roma (3 dias) e Veneza (4 dias). Porque não tenho saudades dessa semana? Vejo-me lá, mas sozinha.

O hotel era fabuloso, como tudo em Veneza é. Sei que vou voltar um dia. Quero experimentar a magia que tem Veneza.

No dia que regressámos a Portugal, fomos ao mercado. Comprámos massas coloridas e umas ervas aromáticas. Convidámos amigos comuns e fizemos o jantar em minha casa.

No fim do jantar tivemos a primeira e última discussão como namorados.

Veneza será assim tão mágica ao ponto de fazer terminar uma relação onde não existia amor?

 

 Hotel Monaco & Grand Canal

 

 

 Hotels Venice, Double room

 

 

Hotels Venice, The interiors Hotels Venice, Restaurant

música: The last waltz, memories

publicado por darkbook às 18:37
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S. Valentim

O meu divórcio corria. Pelo meio umas histórias meio aborrecidas, mas que ultrapassei.

Um dia o Alexandre ligou-me. Se me podia encontrar com ele num café da aldeia onde eu morava com os nossos 3 filhos. Estava mesmo a ver. Sempre viveu de aparências. Pretendia mostrar às pessoas que apesar de nos estarmos a divorciar, éramos bons amigos. De certa forma, sempre entrei no jogo dele. Agora acontecia o mesmo. De noite, ameaçava-nos que se ía suicidar ( várias noites fomos à procura dele) e durante o dia parecia estar tudo bem. Sei que talvez não o ajudássemos em agir durante o dia como se estivesse tudo bem, mas ao fim e ao cabo tinha pena dele (ainda hoje tenho) e era o pai dos meus filhos. Vivemos os nossos momentos, longínquos é certo.

Fui ter com ele. Quando cheguei já lá estava. Com uns gestos muito atrapalhados "escondeu" o telemóvel. Como se não o conhecesse. O propósito era que eu visse, claro.

Perguntei em tom de brincadeira (queria paz): "Então quem é a gaja?". Riu-se com ar de malandro e depois de 3 ou 4 vezes de dizer que não era nada nem ninguém, revelou-me o tal segredo.

Andava  a trocar sms com a Oxane, uma ucraniana que trabalhava num café ao lado da empresa. Pediu-me segredo. Eu explico: A Oxane era amante de um cliente nosso (casado), mas só nós dois sabíamos disso, e vivia com o pai do filho que tinha com 3 ou 4 anos (apesar de dizer que só vivia com ele para reduzir as despesas).

Fiquei muito feliz. Talvez me deixasse um bocado em paz. É lógico que com aquela revelação apenas pretendia mostrar-me que arranjava uma mulher rápido, que também não estava sozinho. Desconfiei daquele amor rápido, mas fiquei muito contente.

Mesmo assim não me deixou em paz, mas já tinha pontos a meu favor, porque estava sempre a ameaçar-me que até não sair o divórcio eu continuava a ser infiel, apesar de já estarmos separados desde o início de Janeiro de 2006.

No dia dos namorados, pediu-me ajuda.

O Luís vivia no apartamento sozinho e combinei com ele, com a Maria, a minha irmã, um amigo do Luís e o namorado da minha irmã irmos jantar fora.

Pediu-me que antes de sair, fôssemos buscar a Oxane a casa (onde vivia com o marido) e a deixássemos em casa dele.

Lá acedi.

Quando chegámos a casa dela, ficamos todas de "coração partido". Ela esperava-nos, claro. O marido tinha-lhe comprado um ramo de flores que nos ostentava muito vaidoso. Trocámos olhares, com imensa pena dele. Ficava a cuidar do filho de ambos e ela supostamente iria sair connosco.

Bem, depois de a deixarmos com ele, é escusado dizer que no restaurante onde nos esperavam, o Luís apareceu com um ramo de flores de fazer inveja a qualquer mulher que procurasse um homem romântico.

 

 


publicado por darkbook às 14:43
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Sábado, 30 de Agosto de 2008

Momentos...

No meio da imensa intriga que existia, eu e o Luís tentávamos viver uma vida paralela, cheia de momentos que apesar de inesquecíveis, hoje só me deixam saudades porque sei que foram vividos com imensa paixão e loucura pelos dois.

Sei que ele, mais que eu, hoje tem muitas saudades desses tempos e tenho plena consciência que os queria repetir, mas aprendi que ele não é fiel. Nunca mais, nem que ainda hoje sentisse alguma coisa por ele voltaria a viver esses momentos. Homem que trai 1 vez trai muitas mais (adiante vão saber porque o digo).

Mulher "ferida" e "mal amada" (pelo menos como pretendia) durante 18 anos, deixei-me levar em 4 meses intensos. Mas aprendi que "Só o amor é real". Todo o resto são ilusões, decepções...

Enquanto durante a semana trabalhava, tratava do divórcio, acompanhava os meus filhos (que não queria que saíssem muito "beliscados" com a mudança brusca da minha vida), tinha encontros fortuitos, intensos e "secretos"com o Luís, à noite dormia "amedrontada" com pressões, medos, ameaças.

A Sílvia voltou ao trabalho, cumprimentava-me e disfarçava a insegurança que sentia. O Luís iria abandonar a  casa e também já andavam a preparar o divórcio (que nunca se concretizou). Ela jogava todas "as cartadas" para o prender e evitar que a abandonasse. Lembro-me que antes de ele se mudar para o apartamento que alugou, ela o aliciou com um fim de semana no Hotel preferido dele. O Tivoli em Vilamoura. Para ele "arrumar as ideias". Ele claro, aceitou (é muito fútil, com a mania de grandezas que não tem, o que não tem nada a ver comigo). Mas ligou-me, para ir ter com ele. Parecia loucura da minha parte, mas "louca" como andava, fui. Ele iria na Quinta ou Sexta e regressaria no Domingo. Eu só pensava como poderia ir ter com ele, sem ninguém saber. A Sílvia comunicou ao irmão e "como quem não quer a coisa" alertou-o para me vigiar. Afinal ainda não éramos divorciados. No sábado à tarde disse aos meus filhos que ía ter com ele, mas que ninguém podia saber(eram os meus confidentes) . O Alexandre, que controlava os meus passos por terceiros, soube que ìa passar a noite fora. Tenho a certeza que ainda hoje não sabem que à Meia-noite dirigi-me para lá e em 2 horas e picos estava com ele no Hotel. A noite foi espectacular. Quando lhe disse que daí a meia hora estaria lá com ele (eram 3 da manhã), mandou o serviço do Hotel preparar no quarto uma recepção "à filme" de amor. Estava frio ( Janeiro), mas a noite foi verdadeiramente "hot".

No Domingo chegámos, e para ninguém desconfiar, deixei-o numa estação que ficava apenas a 20 Kms de casa. Chegou como tinha ido, de "expresso".

Na segunda, a minha vida continuou como até aí, e ele na semana que se seguiu mudou-se para o novo apartamento que alugou...sozinho. A Sílvia sabia que estava derrotada, e sozinha em casa começou a bombardear-me com sms. Que eu era uma ignorante, que a única pessoa que ele amava era ela. Sms que me faziam sentir "pena" dela, mas que paciente soube esperar por um homem que amava, mas que não a amava a ela. Sei que passou 4 meses " angustiantes e solitários" em detrimento dos meus "loucos e de muita paixão", apenas salteados de pesadelos proporcionados pelo Alexandre, que ia gerindo com muito cansaço. Mas, como tudo na vida, tudo tem um fim...

 

 


publicado por darkbook às 08:58
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Segunda-feira, 25 de Agosto de 2008

Noite longa e de mentira...

Naquela madrugada, em que fui chamada de urgência ao refúgio da Sílvia, perplexa, quase nem a reconheci. Tinha ido ao cabeleireiro, fez um corte radical, muito moderno. Roupa nova. Achei-a muito mais bonita, mas a tentar que não percebesse o desespero em que se encontrava. Aquele retiro, o que mais tarde confirmei, tinha apenas um único fim. Que o Luís lhe ligasse, lhe pedisse desculpa e fosse ter com ela e que lhe dissesse que tinha sido tudo um mal entendido. Que a amava, que tinha saudades. Era isso que pretendia. Como não aconteceu, ligou-me desesperada, porque mais ninguém sabia e queria esclarecer muitas coisas que lhe iam pela imaginação. Todos os pormenores, que eu claro não lhe podia contar...Para não a magoar e tentar (sim, era verdade) que ela resolvesse tudo com ele.

Esperou-me num parque, cujas indicações me tinha dado, e mostrou-me o hotel em que estava. Na praia, com vista para o mar. Fomos a um bar (ainda aberto áquelas horas da madrugada) e conversamos um pouco. Sobre nada do que me tinha levado lá. Só me dizia, com muita calma, tentando fazer-me sentir "abaixo" da condição dela (era licenciada e tudo!), que por vezes temos que mudar o visual e tal para nos sentirmos melhor e que eu devia fazer o mesmo. Dava-me dicas e tudo. E eu ouvia, estava curiosa onde ía chegar aquela conversa.

Fomos literalmente postas fora do bar, dada a avançada hora da madrugada.

Levou-me para o quarto e aí sim começou a sua transformação.

Se o Luís me tinha ligado, se estávamos em contacto, se estava preocupado com ela... "Porque não me ligou ainda?" 

Eu disse-lhe que sim , que me tinha ligado, que me tinha perguntado se eu sabia onde ela estava.

Na verdade isso aconteceu, no entanto não estava minimamente preocupado com ela. Achei-o muito frio, em relação aos sentimentos pela Sílvia. Só me tinha ligado milhões de vezes para me dizer que estava com saudades, que me amava, que ía sair de casa e tratar do divórcio assim que ela chegasse.

A Sílvia começou a entrar em "paranóia" . Queria saber todos os pormenores do que tinha acontecido. Se quando nos despedíamos ele me dava beijos "no canto da boca", para ninguém perceber, quantas vezes me ligava, em que dias e como nos encontrávamos. Do que falávamos, etc. Bombardeou-me.

Mas a imagem que guardo daquela noite, foi quando me pediu em soluços, completamente desfigurada: " Olha, liga-lhe, não lhe digas que estás aqui comigo, e deixa-me ouvir o que te diz e como te fala!"

Meu Deus, fiquei sem fala!

Já sabia, que quando lhe ligasse me ia chamar amor, que me ia dizer que não podia viver sem mim...Desculpei-me e recusei. Disse-lhe que não era capaz. Para não me pedir isso. Implorou, chorou, que se eu não o queria fazer era porque estávamos mais próximos do que o que lhe tinha contado.

Depois de lhe ter contado mais algumas coisas do que queria ouvir, disse-lhe que precisava de ir à casa de banho. Levei o telemóvel disfarçadamente e enviei sms ao Luís. Que lhe ia ligar, mas para ele saber que ela estava a ouvir. Que não podia evitar.

Deixei que me pedisse mais vezes e lá liguei. No telefonema disse-lhe onde ela estava, que precisava dele e que ele devia ir ter com ela. Assim foi.

Despedi-me dela. Eram 8 da manhã, estava atrasada para o trabalho e para levar os meus filhos à escola. Desejei-lhe a ela ( e a mim) que se entendessem.

Afinal , eu também tinha que resolver a minha vida. E era para isso que eu precisava de arranjar forças.

Pelo caminho, liguei ao Luís e disse-lhe "Vais ter uma surpresa, ela está muito bonita!  E adora-te! Vê lá o que fazes!".

 


publicado por darkbook às 12:22
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Terça-feira, 19 de Agosto de 2008

Revelação

Pronto.

Não havia mais maneira (não faz parte do meu feitio) esconder das pessoas o que se passava. Questionei o Luís para o caso de alguém saber. Disse-me que também ele precisava de acabar com um casamento que não lhe dizia nada, que me amava, que era comigo que queria ser feliz e blá, blá, blé , essas coisas que se dizem.

A Sílvia, a minha cunhada, trabalhava comigo. Tínhamos um negócio de família (da parte deles, eu era apenas a esposa, cunhada e nora) do qual já tinha deixado bem claro que queria sair após o divórcio que afinal nunca me ajudaram a concretizar. Aliás, tinha sido para isso que ela para lá tinha ido, para se inteirar do negócio, que eu liderava há anos, para que eu pudesse sair.

Passado o Natal e Ano Novo (penso que dia 6 ou 7 de Janeiro de 2006) eram umas 6 da tarde, chamei a Sílvia ao café que havia ao lado da empresa.

Não lhe contei todos os pormenores, óbvio, mais para não a ferir. Disse-lhe que se passava algo entre mim e o marido. Que eu andava muito carente e não sabia o que sentia. Pedi-lhe por tudo, se amava o Luís para o encostar à parede e para o desculpar. Ele na verdade não me deixava em paz. Telefonava milhões de vezes para a empresa e se fosse ela a atender desligava, se fosse eu colocava o telemóvel ao lado do cd com a "nossa" música (que vou postar aqui).

Ela riu-se de mim. Não gostei. Estava -me a ser tão difícil ter aquela conversa com ela e ela riu-se de mim, da minha honestidade. Porque eu na altura adorava aquele homem. Estava apaixonada. Sim, apaixonada, não era amor. Mas queria que ela lutasse e o roubasse. Era dela, não era meu.

Usou a expressão, no gozo :" Não me digas que achas que ele está apaixonado por ti?"

Eu só disse: " Ok, faz como entenderes, pelo menos tirei um peso de cima"

Telefonei ao Luís e disse-lhe que lhe tinha contado tudo mais ou menos. Pareceu-me meio chateado. Como já tínhamos falado disso, achei-o com medo, e disse-lhe isso. Disse-me que era só porque devíamos ter falado mais a sério como havíamos de fazer. Não lhe liguei mais. Preferi. Ia esperar para ver.

No dia seguinte, ela não foi trabalhar. Ligou para os irmãos, que ia estar fora 4 ou 5 dias.

Até aí não sabia o que se tinha passado. Estava à espera que o Luís me dissesse algo. E disse, passadas umas horas. Que na noite antes, quando chegou a casa, ela lhe perguntou o que se passava entre nós e ele respondeu simplesmente que "Sim, eu gosto muito dela". Não dormiram e na manhã seguinte discutiram o que iam fazer. Ela tinha entendido o que lhe havia pedido no dia antes.

Pediu-lhe que ficasse com a filha e que ela ia de férias para um local que ninguém haveria de saber. Que levava apenas o telemóvel para não ficar incontactável. Contou-me ele.

Só nós três sabíamos o que se passava.

O meu ainda marido, a minha sogra, o meu cunhado interrogavam-se sobre o que se passava.

Desde o dia que fiz amor com o Luís nunca mais estive com o Alexandre (o meu marido).

Aguardava que a Sílvia regressasse para me ajudar ou me dar alguma luz. Mas isso aconteceu mais rápido que o que alguém possa imaginar.

Foi a mim que ligou, em perfeito pânico, às 4 da manhã da primeira noite de "férias"... E eu fui prontamente ter com ela e ajudá-la. Estava a 70 Kms da minha casa. Só me pediu:

"Por favor, não te demores, preciso de ti, rápido!"

Dei uma desculpa qualquer ao Alexandre, que por acaso nessa noite estava em casa (andávamos mal e dessa vez nunca quis fazer as pazes, não podia fazer amor com 2 homens), disse-lhe que a irmã estava mal com o marido e que ia ter com ela. Só me perguntou "mas porquê tu?". Não lhe dei resposta e fui ter com ela.

A música que vou postar aqui era "a nossa música". Hoje deprime-me e entendo que realmente a música mexe muito com as pessoas quando se sentem infelizes.

 

 

 

música: qualquer cd Within Temptation

publicado por darkbook às 16:37
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Domingo, 17 de Agosto de 2008

Traição

Sim. Traí o meu marido. Apesar de não considerar que o traí. A ele e à minha cunhada. A culpa não foi toda minha. Andava desesperada. Precisava de ajuda para me conseguir divorciar. Pedi-a à minha sogra e à minha cunhada 1 ano e tal antes de tudo acontecer. Que sim senhor, que me iam ajudar. Tudo mentira. Não aguentava mais as noites em branco à espera que ele chegasse. Um fedor a álcool e tabaco. Sempre 5, 6 , 7 da manhã. Não pregava olho toda a noite. Às vezes era ele a deitar-se e eu a  acordar os meus filhos para os levar para a escola e para ir trabalhar. Ele ficava a dormir. Chegava para lhe fazer o almoço e acordá-lo e claro, as discussões de sempre. Estavamos sem nos falar 2, 3 dias. Depois ele pedia-me desculpa. Quase sempre pedia para os filhos assistirem. "Eu gosto tanto da vossa mãe, não sei porque faço estes disparates...desculpas-me? Prometo que nunca mais saio à noite e deixo de beber". Sim, 2 dias ( no máximo) não saía. Mas depois, continuava tudo igual. Aguentei 3 anos esta vida, sempre do mesmo jeito, sempre igual. Os meus filhos davam dó. A mim diziam " vai correr tudo bem", à irmã ( com 7 anos na altura) diziam "Sabes Rita, fica no teu quarto, faz como nós há anos. Os adultos têm destas coisas, não chores..." Coisas do género.

Tinha vergonha da minha vida e como milhares de mulheres ( com famílias bem vistas na sociedade) escondia de todos o que se passava. Pedi-lhe o divórcio milhões de vezes, mas perante o choro de criança dele cedia sempre.Só desabafava com a minha sogra e com a minha cunhada. Eram a minha esperança. Iam tentar ensiná-lo a viver sem mim.

Atento a estes desabafos e tendo conhecimento deles em casa, talvez à noite na cama, estava o marido da minha cunhada. Eu bem reparava que ele me olhava de uma maneira estranha.

Foi quem despoletou tudo. Ainda hoje lhe agradeço.

Antes do Natal, fizemos uma reunião de família numa casinha de campo que tínhamos (hoje habitação do meu ex).

Fomos levar umas coisas para lá e não sei como, ficamos sozinhos. Eu e o Luís (o meu cunhado). Só sei que me sentei à lareira (na noite antes tinha havido cenas em casa durante  a noite). Ele sabia, de certeza, pela minha cunhada, porque eu tinha-me queixado a ela que já nem queria fazer aquela reunião.

Disse-me que sentia que eu estava muito infeliz e que não sabia explicar mas que só pensava em estar comigo. Fizemos amor ali à lareira. Meu Deus, era tudo tão errado, mas sabia tão bem.

Sentia-me feliz, amada, não era amor o que sentia (hoje sei perfeitamente), mas ao mesmo tempo sentia-me a pior pessoa do mundo. E culpava o meu marido. Porque me tinha abandonado há anos? Sentia-me mais puta com ele que com o meu cunhado.

Assim 1 vez por semana, quando chegava às 4 ou 5 da manhã e eu fingia que dormia, acordava-me porque lhe apetecia fazer amor. Se eu dissesse que não ( ele metia-me nojo, tenho tanta pena de o dizer, não tomava banho, não lavava os dentes, fumava 3 ou 4  maços por dia) partia portas (não era bater portas, era partir portas), partia tudo o que lhe aparecesse à frente. Eu acabava porque cedia. Fingia. Pelos meus filhos. Sentia-me uma puta. Aí sim, sentia!

Acho que nos últimos 5 anos de casada nunca o beijei( tenho a certeza que as putas não beijam os clientes). Era assim com o meu marido.

Com o Luís era bom demais. Sentia-me uma adolescente apaixonada. Os toques, os olhares.

A culpa era muita, mesmo assim. Passados 2 ou 3 dias, falei com os meus flhos (deixei  a Rita que tinha apenas 10 anos de fora, claro). O Miguel tinha 17 anos e o Francisco 15 ou 16. Eram (e ainda são agora) os meus melhores amigos. Chorei tudo com eles e contei-lhes como me sentia feliz e ao mesmo tempo tão mal. Apoiaram-me e só me pediram para ser honesta com todos, que haveria de haver uma solução com o tempo. Combinámos deixar passar o Natal e o Ano Novo para me ajudarem a pedir definitivamente o divórcio. Agora é que era incapaz de viver mais com o que foi meu marido durante 18 anos.

 

 


publicado por darkbook às 22:59
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