Quinta-feira, 18 de Setembro de 2008

Noite de terror

Não sei como aguentava.

Ainda hoje sinto "arrepios" quando me lembro.

O Alexandre, julgando que a minha vida corria ás mil maravilhas, sentia "prazer" em me fazer pagar por todos os males que lhe causei. Revi toda a minha vida anterior quando era casada com ele e senti de novo o " terror" das noites que passava nessa altura. Ele sabia o que me afectava, apesar de eu demonstrar durante o dia que tudo corria bem.

Eu de manhã fazia-o entender, por vezes até à rouquidão, que se queria ajuda minha e se queria o amor e o respeito dos filhos, tinha que nos deixar em paz. Talvez não fosse fácil para ele viver longe dos filhos. Eu, enquanto casados, tinha-lhe oferecido uma vida de servidão. Nunca soube o que era ter um marido presente, que fizesse compras comigo, que levasse os filhos à escola, que me acarinhasse e principalmente nos últimos anos de casados que me respeitasse. Eu tinha sido um "bibelôt" e um "troféu" que ostentava em casa. Nunca soube o que era pagar uma conta da água, da electricidade, um prestação do crédito á habitação, o preço da carne, do leite...Nada. Também tinha sido um pai ausente, apesar de gostar e ter muito orgulho nos filhos. Mas era a "Ana" que estava com eles sempre nos bons e principalmente nos maus momentos.

Gritava com ele : "Tu deixaste que te traísse, foste um mau marido. Assumi a minha culpa e estou a pagar pelo erro que fiz, mas não posso apagar o que aconteceu.Por favor deixa-me em paz !" .

Ele estava com outra pessoa. Agora tentava fazer com ela tudo o que nunca fez comigo. Ela tem um filho de 5 anos, que é ele que leva à escola. Os meus filhos podiam agora ficar magoados, porque a eles nunca o fez. Mas não, todos queríamos que fosse feliz! Ainda hoje!

Tão maquiavélico, até a pensão de alimentos que o juiz queria que fosse feita por transferência bancária, pediu para ficar escrito que podia ser em dinheiro, para eu não ter provas, já que passados 3 anos nem 1 cêntimo eu vi. Não me importo. Sei que fui eu que pedi o divórcio. Assumi que o tinha traído. Mas os nossos filhos não têm culpa. Ele também me traiu, de várias formas. 

Uma noite, passou dos limites.

Eu tinha medo dele e nunca desligava o telemóvel . Preferia ouvir noites e noites os seus desabafos e ofensas, apesar dos meus filhos "ralharem" comigo:"Mãe, tu és a culpada de ele ser assim! Desliga os telefones todos e não lhe ligues que ele cala-se!" O meu filho mais velho já estava na Universidade e tinha medo, porque era o único que o Alexandre temia. O outro, coração mole, tinha pena dele. A minha filha igual. Só lhe ralhavam, que estavam fartos.

Uma noite em que o telemóvel não parava, avisei-o que o ia desligar. Ainda o ouvi gritar : "Se o desligares, vou aí a casa!"

Sabia que vinha, já não era a primeira vez, mas agora os meus filhos tinham-lhe tirado as chaves todas e para meu alívio o meu filho mais velho estava em casa.

Tentei dormir. Passaram umas 2 horas e ele não veio. Talvez se tivesse deixado disso...Peguei no sono.

Eram umas 5 da manhã, senti uma respiração leve. Sobressaltada, de um salto, acendi a luz e levantei-me.

Estava sentado ao meu lado com os olhos "esbugalhados" de ódio e com uma toalha na mão.

Gritei pelo meu filho.

Ele desceu imediatamente do 1º andar. Senti um medo terrível e ao mesmo tempo uma pena enorme do Alexandre (que não demonstrei). Os meus outros filhos acordaram logo.

"Pai? O que querias fazer à mãe?"

"Nada, acham que lhe ìa fazer alguma coisa? Era só para falar com ela."

"Onde foste buscar a chave? Tens mais alguma?"

Depois confrontamo-lo com os factos.

O cão não ladrou. Ele deixou o carro a 500 metros de casa e foi a pé. Não acendeu luz nenhuma. O meu filho ainda estava acordado e não sentiu absolutamente barulho nenhum. A toalha não era minha. Tinha-a trazido de casa.

"Pai, é muito estranho". " Que querias fazer à mãe?"

"Juro, filhos, juro que não queria fazer nada à mãe!"

No meio do medo que senti fiquei com pena dele. Porque sou assim ? Só causo infelicidade a toda a gente ...

 


publicado por darkbook às 15:44
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