Dark Book

É incrível como me senti de novo uma adolescente. Parece que tinha começado a viver naquele momento. No computador, para mim, até áquele momento, só existiam programas para se trabalhar. A internet só funcionava para receber e enviar correio electrónico e para fazer pesquisas de trabalho.

Parece anedota, mas eu parecia uma "pita", como diziam os meus filhos mais velhos, de tão excitada que andava com aquilo. Eu "espreitava" alguns "membros" do clube HI5 e tinha sempre retorno. Enviavam-me mensagens e enviavam-me o email para que os adicionasse. Acho que adicionei 2 ou 3. Os outros, pelas mensagens e pela maneira de escrever pareciam-me pouco inteligentes. Falei meia dúzia de palavras com cada um deles e depois, com educação, dizia que tinha que ir embora e apagava-os, porque não me despertavam interesse nenhum. Farta de homens sem inteligência estava eu. Aliás, o que fez acabar o meu interesse pelo Luís foi mesmo a falta de inteligência dele.

Um dia apareceu-me uma foto a preto e branco de um homem. Gostei dele.

Não me lembro bem, mas acho que lhe enviei uma mensagem.

Respondeu se não no próprio dia, no dia seguinte. Era educado e escrevia muito bem.

Enviou-me o email dele ou pediu-me o meu e começamos logo a falar. Eu estava encantada com ele e tenho a certeza que era recíproco. Acho que me apaixonei por ele quando me relatava o jantar que estava  a fazer. Bifes. Uma receita que tinha visto no programa "Na roça com os tachos". Lembrei-me das vezes que o meu filho vinha ter comigo à cozinha e me falava nesse programa, que gostava mesmo do "gajo" que apresentava e que se fartava de rir com ele.

Tudo parecia fazer sentido.

Não via a hora de conhecer "ao vivo" aquele homem.