A minha vida continuou.
Havia muita gente que ainda não sabia que estava divorciada. Isto porque, depois de algumas divergências, optei por ficar na empresa. Tinha estado fora 2 ou 3 meses e claro, como imaginava foi o descalabro total. A minha cunhada nesse período em que esteve separada do Luís, apesar de demonstrar com muita energia que trabalhava muito e que era competente, só fez "porcaria". Tenho pago muito caro, o meu divórcio.
Voltei para a empresa em Abril, depois de saber que não aceitavam a minha saída. Era à borla, e era um enorme favor que me faziam, mas não aceitaram. Precisavam de mim. Ficaram desacreditados nos bancos e perante os fornecedores. Era eu que tratava de tudo. Depois de ponderar muitas situações, optei mesmo por regressar. É claro que impus condições, mas era melhor para mim, pelo menos em termos de prejuízos. Haviam muitos valores em jogo (em dívidas) e viram finalmente que não tinham capacidade de dar a volta. Fazia e ainda faz confusão a muita gente como é que eu conseguia trabalhar com o meu ex. A mim faz-me confusão é fazer confusão aos outros.
Com a minha cunhada já a viver com o Luís, o Alexandre a viver com a Oxane, tudo parecia correr bem. A família do Alexandre teve que engolir sapos e começaram a trazer-me na palma da mão.
Trabalhava muito, aliás, só trabalhava.
Em fins de Maio comecei a receber telefonemas em anónimo. Muitos, a todas as horas. Fora os telefonemas de clientes e conhecidos que de repente se lembraram todos de começar "à caça". Incrivel como os homens são tão ridiculos. As desculpas que inventava. Os meus filhos riam-se de conversas que eu tinha ao telemóvel. E sms? Eram aos montes. Acho que actualmente e passados mais de 2 anos, só um chefe da polícia divorciado é que ainda alimenta esperanças. De vez em quando ainda recebo sms dele ( na verdade já mudei de número de telemóvel umas vezes e ela como bom cliente que é da empresa foi dos poucos que teve conhecimento ) .
Tinha convites para jantar todos os dias. Estava mesmo saturada daquela gente toda. Chatos do caraças.
Mas por incrível que pareça sentia-me sozinha.
Só me esquecia disso enquanto estava ocupada fosse pelo que fosse.
Mas os telefonemas em anónimo nos fins de Maio, começaram a deixar-me "preocupada". Sabia que só podia ser o Luís.
Um dia apareceu-me em casa (ele mora a 25 kms) por volta da uma da manhã. Perdido de bêbado. Que me amava, que tinha sido um cobarde, um estúpido, que só pensava em mim.
Perguntei-lhe pela Sílvia, se sabia que ele estava ali. Disse-me que não, mas que se quisesse ligava-lhe e dizia-lhe. Pedi-lhe por tudo para não o fazer. Mandei-o entrar e deixei que lhe passasse um pouco a bebedeira. Ele não era de beber e nunca saía de casa, daí a minha pergunta. Ele, tirando aquela coisa de ter traído a Sílvia comigo, era um bom marido. Ajudava-a muito em casa e era muito romântico, ligava àquelas coisinhas que poucos homens ligam. Daí ela o ter aceitado de volta.
Mandei-o embora, que depois falávamos outro dia com mais calma, mas que não me arrumasse mais confusões com a família do Alexandre.
Pedi aos meus filhos que não contassem a ninguém.
No dia seguinte, ouvi a Sílvia a contar aos irmãos que o Luís tinha batido com a carrinha a caminho de um cliente logo de manhã. Tinha sido no muro ao lado da minha casa na noite anterior. É claro que não disse nada.
Andava com medo daquilo. Contei à Maria apenas.
Fui ter com ele e fui clara : Não queria de novo passar por tudo, por isso ele que assumisse o que escolheu ou que fizesse o que quisesse, mas que eu não queria mais nada dele. Talvez, se daí a uns tempos largos ele estivesse sozinho e com a vida resolvida e eu também, quem sabe...mas naquele momento nunca.
Pareceu-me resignado e de novo estive sem o ver uns tempos.
Eu só pensava em fugir de perto de toda a gente que conhecia.
O meu filho um dia disse-me que me ia fazer uma página no Hi5. Penso que em Junho de 2006. Eu achei aquilo engraçado. A minha vida andava tão esquisita que qualquer coisa nova me soava bem.
Ainda me lembro das fotos que lá coloquei. Na do perfil estava com um vestido vermelho (que hoje acho muito foleiro e que nunca mais vesti) .
Foi aí que o conheci. O G..
Ía começar a fase da minha vida mais desgastante e ao mesmo tempo mais emocionante, de tantas loucuras que cometi.
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