Pois é! A amizade!
Esta "coisa", que vamos ganhando e perdendo ao longo da vida. Os amigos.
Sempre tive muitos, não me posso queixar. Que me ajudaram a ultrapassar a minha timidez, a elevar a minha auto-estima e a fazer-me sentir a maioria das vezes dotada da capacidade que é ser "líder".
De família muito humilde, sempre vivi fechada num "casulo". Sabia as capacidades que tinha. Lembro-me que na aldeia e na escola primária que frequentei era usual as mães das meninas de bem levarem "prendas" às professoras. E algumas até naquela altura "saltavam" 2 anos num só... Era assim que funcionavam as coisas. A minha mãe acho que nunca ìa à escola, só quando encontrava as professoras pela rua. Mas eu só fazia um ano de cada vez :) . Era pobre!
As minhas amigas de infância não eram apenas essas , mas todas. Estas coisas marcam uma criança. Porque é que eu é que fazia os testes de muitas e elas é que passavam 2 anos num só?
Quando acabámos a 4ª classe (hoje 4º ano), separei-me do meu grupo de 4 ou 5 boas amigas (todas mais novas que eu 1 ano). Elas iriam todas para colégios internos e Escolas Secundárias que ficavam a Kms da aldeia. Eu tinha que ficar na Escola primária a fazer o que na altura era a "Telescola". Foi giro, apesar de tudo (aquilo depois acabou 1 ou 2 anos depois). Mas perdi de certo modo o contacto com as minhas amigas de infância. Arranjei outras e outros amigos, obviamente. Era tarefa fácil para mim.
Tive que implorar ao meu pai quando terminou o 2º ano de Telescola, para continuar a estudar na Vila (hoje Cidade) mais próxima. O dinheiro era muito pouco numa família com 6 filhos. E não era obrigatório estudar, como hoje. Iria, mas se "chumbasse" algum ano: "Rua"!
Quando cheguei à Secundária ao 7º ano era uma menina do mais tímido que havia. Acho que na minha vida até aí, o mais longe de casa que fiquei foi as poucas vezes que de autocarro ìa com a minha mãe ao mercado dessa Vila.
Voltei a encontrar as minhas amigas e a fazer novas amizades. A partir daí fui muito feliz. Corava por tudo e por nada. Lembro-me que na primeira eleição de delegado de turma, eu fui a escolhida! Meu Deus!
Muito haveria por escrever, mas a minha vida foi "construída" por mim. Opções e lutas boas ou más, a mim o devo.
Das grandes amizades que tive na adolescência, perdi-as por opção minha. Um casamento à pressa, por uma gravidez inesperada, com 17 anos mudaram radicalmente a minha vida ( não me arrependo, atenção). Abandonei os estudos no 12º ano e dediquei-me à minha nova família.
Os amigos depois do casamento, e após o meu divórcio, "fugiram". Não eram amigos. Eram casais com filhos como eu que se juntavam para jantaradas e noites passadas em casa de uns e outros. Eu agora já não era casada. Já não fazia parte do grupo!
Mas agora tinha os meus filhos! Os melhores amigos que se podem ter e que me adoram!
Mas tive uma agradável surpresa! As amigas da adolescência voltaram para me apoiar!
Lembro-me de uma noite que tocaram a campainha da minha casa. Era a Maria! Hoje posso dizer, é e sempre foi a minha melhor amiga (apesar da ausência entre nós de 20 anos).
Quando entrou, sentámo-nos à lareira e abraçou-me, que podia contar com ela para o que precisasse.
Eu disse-lhe: " Maria, mas eu não estou só. Não fui abandonada pelo Alexandre. Envolvi-me com o meu cunhado!"
E ela, incrédula :" Mas Ana, o teu cunhado é gay!"
Expliquei-lhe que não tinha sido com o irmão do Alexandre ( que era e é gay), mas com o marido da irmã do Alexandre.
Foi giro :D . Ainda hoje nos rimos dessa primeira troca de palavras.
Acompanha-me desde sempre e hoje é a minha "Best friend"...
Adoro-te Maria! ( Sei que não me lês, porque este é o meu "Dark book" )
Obrigado por estares comigo nos bons e maus momentos...
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