Não posso deixar de contar alguns pormenores das 3 semanas antes dos primeiros dias de Janeiro. Eu e o Luís vivemos realmente momentos únicos e muito intensos. Ficam as "memories".
A Sílvia andava muito entusiasmada, porque o Luís não saía da empresa. Trabalhava a 20 Kms, mas arranjava sempre serviço para a zona e todos os dias lá estava. Já acontecia isto antes de estarmos pela primeira vez, eu é que não me apercebi. Ele nunca tinha gostado da família dela. Ela comentava isso comigo. Que ele já aceitava muito bem a família dela.
Depois de termos estado foi muito pior. O meu coração batia de cada vez que o via entrar. Fazíamos tudo para estarmos sós, para nos agarrarmos. Foi mesmo um escape , pelo menos para mim, de tantos anos de falta de paixão.
Fomos maus, muito maus.
Combinamos um fim de semana á Serra da Estrela, mas fizemos com que fosse a minha cunhada a organizar tudo. Ela tratou de tudo. Com o meu marido e com a minha sogra.
Foi um fim de semana que nunca vou esquecer. Alugamos 2 casinhas de madeira, mas de manhã, como tanto o meu marido como a minha cunhada eram mesmo daquelas pessoas que se levantam à noite, saíamos de manhãzinha e tomávamos o pequeno almoço juntos. Não, lá nunca estivemos juntos. Só mesmo a paixão dos pequenos toques. Houve um dia, quando nos vínhamos embora que chorámos como duas crianças atrás de uma das casas, que não aguentávamos ficar longe um do outro. Que tínhamos ciúmes das noites passadas com outras pessoas.
Num dos fins de semana de Natal, saímos com os meus filhos. Fomos à discoteca. Nem o meu marido nem a minha cunhada quiseram ir. A minha menina ( a Rita com 10 anos foi dormir com a avó). Quando saímos da discoteca fomos tomar o pequeno almoço a uma estação de serviço de auto estrada. Eram estas coisas de criança que alimentavam a paixão que sentíamos.
Na passagem de ano, como é óbvio eu andava completamente fora de mim. Trabalho, a minha cabeça era um rodopio a pensar o que ia acontecer, porque ìa, tinha que acontecer. Aquele stress andava-me a matar.
Combinámos todos com um casal amigo e toda a família irmos jantar à praia.
Eram 6 horas da tarde e sem que algo o fizesse prever, quando estava às compras num hiper, senti que ia rebentar, perdi a visão. Estava com a minha filha. Chamaram a ambulância. Levaram-me para o centro de saúde. Tinha a tensão arterial altíssima. Quando me levaram de ambulância para outro hospital que ficava a 30 Kms, pedi para deixarem a minha filha com a minha sogra. Já ninguém queria ir jantar fora. Exigi, com muito esforço que fossem. O meu marido, que nisso era impecável (e ainda hoje é) foi ter comigo ao hospital. Nunca me abandonou quando (só) por motivos de saúde achava que era preciso.
E foram. Quando ia na ambulância, a soro e com um médico comigo recebi um telefonema do Luís : "Amor, o que tens?". Chorava muito. Tranquilizei-o. Que estava melhor.
Fiz tudo o que pude para ficar boa rápido em poucas horas. Pedi por tudo quando a tensão desceu um pouco para que me deixassem ir. Que me ia portar bem. Deixaram. A minha doença foi diagnosticada: Crises de pânico. Fazia todo o sentido.
Eram 23 horas. Se me despachasse ainda íamos a tempo de pelo menos lhes fazer companhia. A praia ficava a 100 Kms.
Passei por casa. Tomei um banho. Maquilhei-me ( coisa que não é hábito fazer), estava muito pálida. Olhei-me ao espelho e achei-me linda. Vesti um vestido preto, lindo, estilo Audrey Hepburn, que tinha guardado e que nunca tinha usado. Uma pequena écharpe verde seco, sapato alto preto e um casaco preto.
Ninguém já me esperava. Quando entrámos, todos se levantaram e me vieram dar muitos beijos. Todos me adoravam e eu com aquele peso na consciência. Só notei depois que o Luís não estava. Vi-o segundos depois sair da casa de banho, com os olhos vermelhos. Quando me deu 2 beijos de bom-ano, disfarçadamente disse-me ao ouvido. "Estás tão linda!"
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